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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O jornalismo e a história

Olá!

Encontrei um texto no site Comunique-se que traz em seu conteúdo ideia a qual concordo plenamente e que a utilizei para escrever o livrorreportagem. Segundo a entrevista, o jornalista e escritor Laurentino Gomes, fala que história e jornalismo são irmãs que estão sempre unidas. Segundo ele, o jornalista é um historiador do presente. Segue abaixo trecho do texto:


"O historiador é um repórter do passado", diz Laurentino Gomes
Anderson Scardoelli

Ao participar do ‘Roda Viva’, da TV Cultura, o jornalista e escritor Laurentino Gomes avaliou que não há grandes diferenças entre um historiador e o profissional da imprensa. A afirmação parte de alguém que deixou o mercado da mídia, no qual era diretor da Editora Abril, para se dedicar ao trabalho de pesquisa para produzir seus livros.


Durante a atração exibida na noite de segunda-feira, 26, Gomes argumentou o porquê da referência entre historiador e jornalista. “Não há muita discrepância entre as duas profissões. O jornalista é um cara que acompanha a história do cotidiano, um historiador do dia a dia. E o historiador é o repórter do passado. O olhar é muito semelhante (entre os dois)”, disse.


Tendo a História ainda como tema central de sua participação no ‘Roda Viva’, o jornalista contou que não foi refém da internet no período de pesquisa para as suas duas obras já publicadas, 1808 e 1822. Os livros relatam, respectivamente, a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a Independência do País. Gomes disse que para referência até o Wikipedia pode ajudar.


Se quiser ler o texto na íntegra, acesse aqui.


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Este texto tem tudo a ver com o que o jornalista Geneton Moraes falaou em sua participação no programa Altas Horas, da TV Globo. Segundo ele: "O jornalismo tem um pouco de arqueologia”.


Segue abaixo o vídeo:



E vocês, o que acham?

domingo, 25 de dezembro de 2011

O outro lado

Olá!

É sempre interessante ouvir os dois lados, não é? Infelizmente no meu livro isso não foi possível, dadas as limitações de personagens. Todavia, acho importante mostrar os dois lados, mesmo não concordando com algum deles. A história deve ser escrita assim: ouvindo a versão do dominante, mas também do dominado.

O programa Dossiê, da Globo News, com o jornalista Geneton Moraes Neto traz essas versões. Abaixo, para vocês leitores do blog, entrevista com o general Newton Cruz, que atuou e ainda acredita que a Ditadura militar foi uma boa ação para o Brasil.

Clique nos links abaixo e confira a entrevista na íntegra!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Uma nova conquista


E, enfim agora poderei dizer que sou jornalista. Quer dizer, ainda não, pois falta a colação de grau. Mas, apenas pelo fato de conseguir finalizar o trabalho e apresentá-lo (e o mais importante, com muito orgulho), posso sentir a sensação de dever cumprido.

O livrorreportagem “Relatos da Ditadura em Caruaru – Histórias que os livros não contam” pode proporcionar esse momento único na minha vida. E tenho a certeza que pode dar voz a todos aqueles que contribuíram para a sua criação.

Conquistar sempre foi algo que moveu povos. Desde a pré-história, conquistar a caça, passando pela conquista de novos territórios por navegadores do século XVI,até a conquista da democracia por populações dos mais diversos países. Conquistar sempre proporcionou o poder de concluir um tarefa que lhe foi dada. E isso enche nosso orgulho e ego. Melhor ainda quando pode contribuir para a evolução de outros povos. E este livro contribuiu para acender em seus leitores a vontade de buscar ser ouvido.

“As conquistas são fáceis de fazer, porque as fazemos com todas as nossas forças; são difíceis de conservar, porque as defendemos só com uma parte das nossas forças.”
(Barão de Montesquieu)

Este post serve para agradecer a todos que fizeram presente, fisicamente e espiritualmente, dando aquela força e comemorando ao final comigo. Essa não foi apenas uma conquista pessoal. Foi uma conquista também do Assis, Edson e Severino. Uma conquista da esperança e da afirmação da liberdade.

“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
(Charles Chaplin)

A nota? Um 9,5 que valeu por mil, sem hipocrisia nenhuma. Pois, todas as críticas que ouvi da banca, composta pelo meu orientador Tenaflae Loderlo, Marconi Aurélio e Mário Flávio serviram para engrandecer mais ainda meu trabalho. 

E agora, vamos à mais uma luta: Lançar o livro!

(Abaixo eu, meu orientador e a banca examinadora)


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Relatos de um TCC na web

Olá!


Esta semana é de apresentações de TCC’s, e já tenho ótimas notícias. Meus queridos Jael, Luiz Heitor e Ana Rebeca já são jornalistas de fato e direito. Muito Feliz!

E neste fim de semana tive uma grata surpresa. O jornalista, professor e que vai estar na minha banca, Mário Flávio, lançou seu mais novo blog, o Política de A a Z. Como o próprio nome sugere, neste espaço o leitor pode encontrar tudo sobre a política municipal, estadual e nacional. Vale a pena ler, para quem quer estar sempre por dentro deste mundo.

E você nesse espaço bem interessante que encontrei notícia sobre meu blog, como percebe-se na imagem acima. É muito bom ter o reconhecimento não só dos colegas de faculdade, como também de jornalistas como ele. Obrigada Mário! Para quem quer ler a nota na íntegra, confere aqui: http://blogdomarioflavio.com.br/vs1/?p=693
O Blog e o TCC também já apareceram em outros espaços da web, já retratados aqui. Para quem ainda não conferiu:

Blog do Jornal Vanguarda, através do jornalista Hélio Jr. : http://www.blogdovanguarda.com.br/?pagina=arquivo&id=2879

Obrigada a todos que estão apoiando este trabalho!
Abraços.

sábado, 10 de dezembro de 2011

“A vida quer é coragem”



Olá!

Obs.: Antes de ler este post, gostaria de ressaltar que a autora do blog não está “tomando partido”algum. Apenas relata fatos de interesse deste blog.


O Jornalista Ricardo Amaral lançou o livro A vida quer é coragem”. O livro narra a trajetória de Dilma da juventude até a chegada ao Palácio do Planalto. Natural de Belo Horizonte, Dilma Rousseff é economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A ex-ministra iniciou sua militância política aos 16 anos, em Belo Horizonte, e passou para a luta armada contra o regime militar. Foi presa em 1970, por quase 3 anos, e submetida a tortura.


Essa sua experiência traumática com a Ditadura faz muitos acreditarem que ela será mais atenta à questões que envolvam esse tema.  Dão como exemplo a aprovação da Comissão da Verdade e da ascensão de movimentos para resgatar a memória dessa época, como o livro de Amaral. E você, concorda com esta ideia?

O que chama muita atenção neste livro, além da trajetória de luta da Dilma, é uma foto que foi publicada na revista Época, junto com entrevista do jornalista. Segundo a publicação, Dilma tinha 22 anos quando a foto foi feita. Na oportunidade, ela respondia a um interrogatório na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro, depois de ter passado por 22 dias sob tortura.


Na foto pode-se perceber um contraste: o semblante firme da Dilma, mesmo após sessões de torturas, e os militares ao fundo, em imagem constrangedora, se escondendo com as próprias mãos.


Imagem que mostra que os militares sabiam dos riscos que poderiam correr se os arquivos desta época fossem revelados. Por isso, é muito importante trabalhos como este livro, que possam contar, a partir da visão de participantes ativos da história, como tudo aconteceu. Assim, gerações posteriores podem entender como a política naciional foi formada, quem foram os contrutores desse sistema e encontrar caminhos para melhorias e aperfeiçoamentos.


Acredito que esta imagem fala mais que muitas palavras.

Abraços!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Importância de (re)conhecer

Olá!

Ao construir o relatório, que especifica o andamento para a construção do livro, falei muito da importância de não deixar cair no esquecimento histórias como as retratadas no livro, como forma de manter viva a nossa própria história. É uma forma de alertar a todos: aos que gostam de política e participam dela efetivamente e a todos aqueles que dizem não crer no sistema político nacional. Não se engane, você não é apolítico. Mesmo votando em branco nas eleições, mesmo não querendo saber de nenhuma atividade política e achando todos corruptos, até em ações simples do dia-a-dia você pratica política.

Política é a ciência da escolha, da decisão. Ouvir isso certa vez na faculdade e acredito bastante nisso. E, li um artigo hoje no site da revista Caros Amigos que se encaixa perfeitamente nesta idéia. Mostra que a ditadura pode ter acabado no papel, mas suas consequências ainda trazem alguns efeitos colaterais. Transcrevo alguns trechos aqui.

Os Honoráveis Bandidos e o Holocausto Brasileiro
Por: Claudio Ribeiro

Frase tantas vezes dita e repetida, o tempo que passa é o tempo que nos resta. O levantamento histórico e documentado do período ditatorial deve ser efetivado sem mais demora.

Se a anistia destina-se à pacificação de ânimos de pessoas atingidas em certo momento histórico por atos ilegais, perseguições, prisões arbitrárias, torturas generalizadas, assassinatos e desaparecimentos, hoje a luta contra a repetição de violências semelhantes e a busca da verdade e da justiça devem andar de mãos dadas.
A importância de esquecer impõe a necessidade de lembrar. Ninguém pode apagar o que não foi escrito, nem se esquece daquilo que não é lembrado. O esquecimento exige o confronto com o passado.

Por essa razão, a revisita à memória dos anos vividos sob a batuta dos tacões militares (e da concepção de segurança nacional ainda decantada em certos espaços institucionais e meios sociais) possibilita recordar e detectar seus fins e seus meios: A ditadura militar não foi implantada no Brasil (e nos demais países da América do Sul) para derrotar o comunismo ou comunistas. Como Hitler na Alemanha, que içou bandeiras contra judeus e comunistas, no Brasil a bandeira do anticomunismo foi erguida apenas para esconder o verdadeiro holocausto brasileiro, a implementação de uma política econômica de subtração de rendas (e riquezas) das classes trabalhadoras através do confisco salarial e da modernização conservadora do campo para transferi-las à elite patrimonialista brasileira.

Se a ditadura veio para isso, como é possível alguém dizer que ela acabou? A política econômica continua, e agora mais protegida, não mais pelos quartéis, mas pelo Banco Central.
(...)

A censura e a mordaça (sobre o Judiciário inclusive) foram empregadas com todo vigor e, em alguns e raros casos, com prisões e cassações. O levantamento apurado de todos esses acontecimentos e a punição dos responsáveis (sem sanhas marcadas pela vingança ou revanchismo) são indispensáveis para estabelecimento de um alicerce sólido à construção de um Estado Democrático de Direito, onde as pessoas possam conviver com afeto e solidariedade e não, como hoje, com desconfianças recíprocas, um Estado, onde os crimes sejam punidos sem distinguir as classes sociais dos criminosos, onde os Poderes inerentes à Democracia ajam com absoluta transparência em benefício do Povo e não, de privilégios e privilegiados.

Países como a Argentina e o Uruguai, mergulhados em ditaduras brutais já vivem uma realidade menos violenta porque a História está sendo revista e escrita, os responsáveis, os cabeças e os torturadores mais doentios, punidos. Se os ladrões ainda continuam, quase todos, desfrutando dos bens saqueados.
Nós ainda não conseguimos a prestação de contas do passado recente e, por este motivo fundamental, a anistia com todas as suas repercussões deve ser examinada com os olhos presos nesse dever de contribuir para construir a sociedade programada principalmente pelo artigo 3º da Constituição Federal.

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Para ler o artigo completo, acesse: http://carosamigos.terra.com.br/index2/index.php/artigos-e-debates/2246-os-honoraveis-bandidos-e-o-holocausto-brasileiro

Abraços!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Apoio!

Olá!

E nessa maratona de finalização do TCC eu tive uma enorme e gratificante surpresa! Minha mãe, que é mais cabeça e menos coração, após corrigir gramaticamente meu TCC, fez esta singela “cartinha” para mim.

 Tâmara
Li minuciosamente. Para mim foi uma leitura muito interessante, informativa, esclarecedora e prendeu minha curiosidade do início ao fim.
O prefácio por Demóstenes Félix irá já no início do livro-reportagem lhe beneficiar pelos comentários e elogios mais que merecedores, pois sinto que esse trabalho foi feito com muito carinho e amor.
Filha, continue na sua vida profissional com a mesma disposição. Procure crescer cada vez mais. Supere os obstáculos. Acredite em seu potencial. Os conhecimentos adquiridos são riquezas que nenhum ladrão pode roubar.
Não pare no tempo. Vá ao encontro dele buscando cada vez mais conhecimentos e especializações. Tudo o que é mais difícil é mais valorizado. Tenho fé que Deus vai lhe ajudar.
Parabéns e Sucesso!!!

Sua mãe, Salete

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Tem como não se emocionar? É gratificante saber que minha mãe sempre estar ao meu lado. E olhe que ela não é aquele tipo de mãe que passa a mão na cabeça do filho achando tudo lindo. Ela é muito, super sincera. E por isso, tenho certeza que estou no caminho certo.

Abraços!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Nascimento


Enfim, uma etapa foi concluída!

Após dois anos bem turbulentos, enfim entreguei meu TCC, motivo maior da criação deste blog e, paradoxalmente, da minha ausência por aqui.
Para quem nunca passou por essa fase, de fazer TCC ou monografia, não sabe o quão gratificante é poder vê-lo finalizado. Mas, quem já passou por isso, ou quem já escreveu um livro sabe da emoção de ver seu “filho” prontinho. Desde o colégio quis estudar, aprofundar-me sobre essas histórias de caruaruenses e moradores daqui que podiam comprovar que, sim, a Ditadura chegou por aqui e fez um certo estrago na vida de muita gente.
A cada capítulo, um personagem diferente. Já contei um pouco das histórias deles por aqui: Assis Claudino (Seu Sissi), Edson Siqueira (o Bigodão) e Severino Quirino (O Poeta da Fome).  Além deles, também entrevistei Arnaldo Dantas (analista político), Josué Euzébio (historiador) e Ana Maria (cientista política), para dar maior embasamento histórico e político.
Muitos outros poderiam fazer parte deste livro. Por isso re-afirmo que ele não cabe em si. Muitas histórias estão por aí, esperando apenas um ouvinte, esperando fazer-se ouvir. Espero ter muitas outras oportunidades para contar essa história. Minha fome por este tema não acabou.
Enfim, nesse post vocês podem ver a capa do livro. Trabalho mais que perfeito do Johnny Pequeno, responsável pela parte visual deste trabalho. Agora, aguardo o dia da apresentação e sei que tem muita gente aí do outro lado da tela do computador torcendo por mim e por esse trabalho. Saibam que, indiretamente, vocês estão torcendo pelo sucesso de cada um que compõe este trabalho.

Um muito obrigada.

Abraços

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Comissão da verdade: vitória sancionada!

Bom dia!

Bom, primeiramente queria pedir desculpas pela falta de atualização do blog. Hoje, (sexta, 18) é o dia de entrega do TCC para o coordenador. Então, estou naquela correria para finalizar tudo, ele corrigir e entregar para coordenação e ser o que Deus quiser. Assim que finalizar esse processo, vou mostrando a vocês cada detalhe do trabalho.
Bem, agora vamos no atualizar. Hoje recebi uma ótima notícia. A presidente Dilma sancionou hoje a Comissão da Verdade. Que irá investigar os crimes contra os direitos humanos, entre os anos de 1946 e 1988. Uma grande vitória para todos aqueles que sofreram com a Ditadura Militar, que transcorreu entre os anos de 1964 e 1985. Até porque, enquanto outros países da América Latina, como Uruguai, Chile e Argentina, punem os ditadores e quem apoiou o sistema repressor, o Brasil ainda caminha em passos lentos, bem lentos. Mas vamos confiar que este será o primeiro de passos mais largos.
Segue, abaixo matéria do site da Revista Época sobre essa vitória para o Brasil, a favor dos Direitos Humanos:
A presidente Dilma Rousseff sancionou na manhã desta sexta-feira, dia 18, a lei que cria a Comissão da Verdade para apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. Dilma sancionou também a Lei de Acesso a Informações Públicas, que acaba com o sigilo eterno de documentos.
A cerimônia, marcada para 10h30, teve atraso de mais de uma hora. O único a discursar foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “A questão dos direitos humanos é chave e, portanto, a lei [de Acesso a Informações Públicas] foi clara. Nesse segmento não há restrições de informação", disse. 
O projeto de lei que cria a Comissão Nacional da Verdade foi enviado para sanção de Dilma depois de aprovado na Câmara e no Senado. A comissão terá como objetivo esclarecer os casos de violação de direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988, o que inclui o período da ditadura militar. Mesmo sem o poder de abrir processos, a Comissão da Verdade deve trazer momentos dolorosos e polêmicas à tona. Ela poderá ordenar diligências e perícias, além de pedir informações, dados e documentos de quaisquer órgãos e entidades do poder público, como as Forças Armadas, mesmo se classificados com o mais alto grau de sigilo.
O texto foi aprovado de forma simbólica após acordo entre os líderes partidários, motivado pela pressão feita pelo Palácio do Planalto. O governo só conseguiu o apoio das Forças Armadas ao estabelecimento da Comissão da Verdade pois o projeto prevê que não haverá punições aos autores de crimes como tortura e assassinato. É isto que determina a Lei da Anistia, condenada pela Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O relator do texto no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB de São Paulo, que participou da luta armada durante o regime militar (1964-1985), afirmou que a comissão não deve ter limites. "Deve-se examinar esse passado sem restrição, sem medo. É um período de esforço concentrado para buscar resolver questões que as investigações anteriores não conseguiram desvendar. Essa busca não vai ser concluída pela formulação de uma verdade oficial. Acho que ela vai contribuir para a história se conseguir abrir dossiês que continuam envoltos num mistério", disse Aloysio Nunes Ferreira à ÉPOCA, em outubro deste ano.
Depois de instalada, a comissão terá dois anos para funcionar e verba própria. Os sete integrantes da comissão serão nomeados pela presidente e não podem ser membros de comitês executivos de partidos políticos e nem ter cargos comissionados no governo. Eles terão salários de cerca de R$ 11 mil.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que atuou de forma intensa nas negociações para a aprovação da Comissão da Verdade, disse que o objetivo foi produzir um texto que garantisse o conteúdo da comissão, que “é esclarecer os fatos e, após os esclarecimentos desses fatos, não terá nenhuma perseguição e nenhum desdobramento judicial. O intuito é do esclarecimento”, disse. Essa era uma preocupação do governo, uma vez que o acerto político feito com os comandantes das Forças Armadas previa que a Comissão da Verdade não confrontaria a Lei da Anistia.
A Comissão da Verdade será composta de sete membros indicados pela presidente da República, Dilma Rousseff, entre brasileiros de "reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos". Os membros da comissão serão designados com mandato de duração até o término dos trabalhos da comissão, a qual será considerada extinta após a publicação do relatório final.
Na votação na Câmara, em setembro, os deputados aprovaram dispositivo do PPS que determina o envio de todo o acervo apurado ao Arquivo Nacional. Os deputados rejeitaram destaque apresentado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que proibia a denúncia criminal ou aplicação de sanção punitiva de qualquer tipo aos militares que se recusarem a colaborar com a Comissão da Verdade.
Bolsonaro fez campanha contra a instalação da comissão, alegando que ela era uma tentativa de criar revanchismo na sociedade brasileira. “Não há dúvida que é a comissão da revanche, porque aqui tudo é impositivo, inclusive eles têm o poder de buscar documentos na casa de quem quer que seja. Vão meter o pé na porta de casas de velhos generais e velhos coronéis para tirar de dentro o que bem entender, sem autorização judicial, inclusive.", afirmou o deputado carioca.
A insatisfação com a Comissão não é unanimidade entre os militares. O Major-Brigadeiro-do-Ar Rui Moreira Lima, de 92 anos, detentor da segunda maior patente da Aeronáutica e herói da Segunda Guerra Mundial, chama a campanha contra a Comissão da Verdade de "corporativismo burro" e defende, inclusive, que seja revista a Lei de Anistia. "O mundo inteiro está acabando com isso. Estão mandando os torturadores e matadores para a cadeia. Eu não sou revanchista. Não tem revanche nenhuma", afirmou Rui Moreira Lima à ÉPOCA.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Conheça mais sobre o MR-8


Boa tarde.

Há, mais ou menos, três semanas, conversei com a senhora Maria José de Lima Vasconcelos (a que está de terno preto e blusa vermelha, na foto). Hoje, ela é coordenadora do Centro de Referência Especial da Mulher, em Caruaru. No passado, foi grande ativista política, participando sempre de movimentos em prol das minorias, principalmente na época da Ditadura Militar.

Maria José tem uma história muito rica, que traz fatos surpreendentes, como ter sido casada com um militar, mesmo exercendo atividades consideradas subversivas, além de participar da criação de sindicatos, associações de moradores. Mas, um fato me chamou muita atenção. Ela foi integrante do MR-8. Não sabe o que foi este movimento?

O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) surgiu de uma união de universitários com o Partido Comunista Brasileiro, a DI-RJ (a partir de 1967, MR-8) atuou em várias ações do movimento estudantil e do início da luta armada, em 1968. Ainda existente, é uma organização política de ideologia socialista que participou da luta armada e tinha como objetivo a instalação de um Estado socialista. Surgida em 1964 no meio universitário da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, foi nomeada assim em memória à data da morte de Ernesto "Che" Guevara, na Bolívia, em 8 de outubro de 1967.

O MR-8 ganhou destaque nacional e internacional não só por optar por armas, através de ideologias de guerrilhas, para lutar contra a repressão militar brasileira.A ação mais importante organizada pelo grupo, foi o sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, realizado em conjunto com a Aliança Libertadora Nacional (ALN), de São Paulo. A ação foi realizada, para trocar por prisioneiros políticos que a Ditadura havia feito, principalmente o líder do grupo, Vladimir Palmeira. Além disso, o envolvimento dos Estados Unidos com a ditadura militar brasileira era grande e notório o suficiente para tornar o embaixador uma vítima perfeita. Essa ação virou filme. “O que é isso, companheiro?” ainda representou o Brasil, no Oscar.

O sequestro, que teve como um de seus promotores Fernando Gabeira, resultou em vitória para o movimento revolucionário. O MR-8 conseguiu negociar a liberdade do embaixador em troca de 15 prisioneiros políticos, que embarcaram no dia 6 de setembro para o México, e, além disso, foi decisivo para que promovesse ampla divulgação em rádios e jornais do país a insatisfação contra a ditadura, permitindo que muitos tomassem conhecimento do que vinha acontecendo no país e chamando a atenção em âmbito nacional e internacional contra o regime militar.

Ainda em 1971 a repressão do regime militar aumentou muito e o MR-8 quase chegou ao fim em 1972. A maioria dos militantes se refugiou no Chile onde pôde se re-estruturar, deixando a luta armada e partindo para a luta ideológica. O Movimento começou a editar o informativo “Hora do Povo”.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Caravana da Anistia julga 21 processos de pernambucanos nesta sexta

Do pe360graus,

A 51ª edição Caravana da Anistia está no Recife, hoje (30), e está julgando 21 pedidos de anistia de pernambucanos, em busca de promover o direito à reparação, à memória e à verdade nos casos de violação dos direitos humanos durante a Ditadura Militar. Dentre os processos a serem julgados estão o do músico Geraldo Azevedo e o de Francisco Julião.

A sessão ocorre desde às 9h, no Auditório da Assembléia Legislativa do estado de Pernambuco (Alepe), no 6º andar do Anexo I. Pela manhã, ocorreram algumas atividades culturais. Os julgamentos estão acontecendo agora a tarde. No estado, em outras duas Caravanas, 54 processos foram julgados como os de Paulo Freire, Dom Hélder Câmara e Miguel Arraes.


Ao longo das sessões realizadas pela Caravana são julgados pedidos de anistia nos locais onde aconteceram as violações. Geraldo Azevedo teve a música "Canção da despedida” censurada em 1968, tendo sido preso em outubro de 1969 pela Marinha do Brasil e permanecido detido até dezembro. Foi preso novamente em 7 setembro de 1975, sendo levado ao DOI-CODI e libertado no dia 18 do mesmo mês. O cantor relata ter sofrido torturas nas duas vezes em que foi preso.

Outro caso que está sendo julgado é o de Francisco Julião. Advogado e jornalista, Julião é um dos fundadores das Ligas Camponesas e foi eleito deputado federal, mas teve seu mandato cassado por conta do Ato Institucional nº 1, em 1964. Foi preso no mesmo ano e, após 18 meses, teve o habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal. Exilou-se no México e só retornou ao Brasil após 15 anos em virtude da Lei de Anistia.

Os trabalhos da caravana serão conduzidos pelo secretário Nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão. “A Comissão de Cidadania está colaborando para que a verdade e a justiça no Brasil se concretizem”, destacou o presidente da Comissão de Cidadania da Alepe, deputado Betinho Gomes.

A sessão é uma realização da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, com apoio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe. Também são parceiros da caravana o Governo do Estado, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Pernambuco (OAB-PE), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o movimento Tortura Nunca Mais, o Ministério Público de Pernambuco e diversas organizações sociais.

Confira abaixo o nome dos outros pernambucanos que terão seus casos julgados nesta edição da Caravana da Anistia:
- Wilson Campos de Almeida Filho: ex-funcionário do Serpro, informa que nunca recebeu punição e que foi demitido ao integrar a Associação de Empregados;


- Rubem Alves Rodrigues: membro da ALN, exilou-se no Chile para evitar prisão;
- Gilberto Barreto da Costa Pereira: cadete expulso da Aman por ser acusado de portar livros e propagandas de material subversivo;
- Manoel Silva Teodósio Neto (Post mortem): membro do PCB preso em 1964 e em 1973;
- Theodomiro Romeiro dos Santos: estudante. Foi condenado à morte pelo regime, tendo a pena convertida à prisão perpétua em 1971. Exilou-se em 1979 e retornou ao Brasil em 1985;.
- Severino Lino da Silva: camponês residente no Engenho Galiléia. Foi preso por suspeitas de fazer parte da Liga Camponesa;
- José Silvestre de Araújo (Post mortem): camponês preso em 1964 e 1965 por agitação comunista. Processado pela Justiça Militar. Sucessora
Luiz de Moraes Costa Filho: estudante preso no Chile em 1973 sob acusação de subversão;
- Marcelo Hugo de Medeiros: ex-funcionário da Sudene. Abandonou o emprego em 1966. Foi preso em 1969, foi colocado em liberdade em 1971. Em1974 teve a prisão preventiva decretada;
- Geraldo Gonçalvez Pereira: ex-funcionário da CRC demitido pelo art. 7º do Ato Institucional 1;
- João Francisco da Silva: operário preso em 1968 por fazer panfletagem e preso em 1972;
- Epitácio Afonso Pereira: camponês. Militância iniciada em 1950. Integrante da Liga Camponesa;
- José Moreira de Lemos Neto: estudante. Preso em 1971 por participar da luta armada e da expropriação de um banco em Fortaleza;
- Rosa Maria Barros dos Santos: estudante de Medicina presa em 1971 por subversão. Permaneceu presa por 1 ano e 8 meses;
- Izabela Juliana de Castro: filha de Francisco Julião, passou 7 anos exilada no México;
- Fernando Duarte Fernandes Vieira: Informa ter sido expulso da maçonaria sob acusação de infiltração comunista;
- Severino Marques Brito: ex-delegado sindical. Preso em 1966, por ser liderança de greve ocorrida na Usina de São José em Igarassu/ PE;
- Roberto Carlos Cantalice de Medeiros: professor preso sob a acusação de ser militante do PC do B;
- Nobel Vita: estudante e servidor do DNOCS. Foi indiciado em IPM por participar de manifestações pela morte do estudante Edson Luis.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ótima iniciativa

Boa tarde!


Caruaru homenageia militantes políticos mortos pela ditadura



As prefeituras de Caruaru e do Recife realizam nesta quarta-feira, às 10h da manhã, um ato solene em memória dos militantes políticos Luis Alberto de Andrade Sá Benevides e Miriam Lopes Verbana, mortos durante a ditadura militar. Socialista histórico, o vice-prefeito de Caruaru, Jorge Gomes, estará presente à cerimônia, que acontece no Cemitério Dom Bosco, na capital do Agreste. A secretária de Direitos Humanos, Amparo Araújo, virá representando o prefeito do Recife.


Luís Alberto e Miriam Lopes Verbena participaram ativamente da resistência à ditadura, atuando como dirigentes do antigo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), um dos mais combativos do período. Eles chegaram ao Nordeste por volta de 1970. Aqui, foram vítimas das perseguições dos militares. O casal acabou assassinado em 1974, em um trecho da BR 234, que hoje é conhecida como BR 432, próximo ao município de São Caitano. Luis e Miriam foram enterrados em Caruaru sob os nomes fictícios de "José Carlos Rodrigues" e "Miriam Lopes Rodrigues", nas covas de números 1.538 e 1.139 respectivamente.


A homenagem foi marcada para a data em que se comemora o aniversário de Luís Alberto. Durante o tributo ao casal de militantes uma placa com nomes verídicos será fixada no Cemitério Dom Bosco.



-- 
Prefeitura Municipal de Caruaru
Secretaria de Comunicação Social



[PARABÉNS À PREFEITURA MUNICIPAL PELA ÓTIMA INICIATIVA DE RESGATAR A MEMÓRIA DO POVO CARUARUENSE!]

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cálice e suas versões

Achei bem interessante este post do blog "Em Cartaz na Web" e resolvi transcrevê-lo aqui.

Um dos maiores hinos anticensura escritos durante a ditadura militar, "Cálice" é um desses casos em que uma versão muito conhecida confunde a autoria da música na cabeça de um monte de gente. Apesar de ter ficado famosa na voz de Milton Nascimento, o parceiro de Chico Buarque na composição foi Gilberto Gil.



A música deveria ter feito sua estreia num especial da PolyGram em 1973. A censura, no entanto, não gostou nada do que ouviu e proibiu que ela fosse cantada. Chico e Gil tocaram mesmo assim, mas com Gil soltando palavras aleatórias no lugar da letra e Chico apenas pontuando as estrofes com "cale-se". Acabaram com os microfones desligados. As imagens do vídeo abaixo não são do show, mas aí está a versão censurada de Chico Buarque e Gilberto Gil.



Cinco anos depois a música foi liberada e Chico achou importante registrá-la em disco. Gilberto Gil estava mudando de gravadora e por esses absurdos contratuais da era pré-mp3 não pôde participar, abrindo espaço para Milton Nascimento.



A música foi um sucesso e ainda em 1978 ganhou também versão de Maria Bethânia, que no vídeo abaixo se apresenta no "Fantástico".



Muitos e muitos anos depois Pitty fez uma versão rock de "Cálice", bem ao gosto do novo milênio.


Acontece que desde que essa música foi escrita o país mudou muito. Então a letra mereceu uma revisão para se adaptar ao mundo do rapper Criolo. Ele mora no Grajaú, na Zona Sul de São Paulo e não na Zona Norte do Rio, e mostrou nessa versão que suas referências vão muito além do rap.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Renúncia de Jânio Quadros completa 50 anos


Faz hoje 50 anos que Jânio Quadros renunciou à Presidência, sete meses depois da posse. Fora eleito com mais de 48% dos votos e desfrutava de grande autoridade e popularidade. Mas, porque então ele renunciou?E qual a ligação entre esta renúncia e a Ditadura Militar?


Jânio teve uma carreira meteórica: em sete anos passou de prefeito de São Paulo (1953) a governador (1954) e presidente eleito (1960). Apesar do reconhecimento durante seu governo municipal e estadual, pelo combate contra a corrupção e outras atividades, na Presidência somente reforçou suas características mais conservadoras. Não teve problemas com o Congresso: aprovou tudo o que considerava importante. Fez um governo bipolar. Adotou um programa econômico conservador. Desvalorizou a moeda, e a inflação subiu.Preocupou-se muito com coisas irrisórias. Como exemplo, proibiu o uso dos biquínis nas praias brasileiras.

Sua renúncia, para a população parecia um golpe para encerrar sua carreira política para ele tinha a intenção de ser um golpe de sorte. De forma abrupta resolveu abandonar a Presidência. Foi uma ação tão intempestiva que até assustou os ministros militares, que não foram consultados e nem tinham um plano para um golpe, apesar de suas simpatias pelo autoritarismo janista. Imaginou que retornaria a Brasília nos braços do povo e com amplos poderes. Puro delírio. E passou três décadas tentando explicar a renúncia.


Após esse fato, instaurou-se uma crise política nacional. Muitos políticos não queriam aceitar a posse do vice, João Goulart. Naquela época, presidente e vice podiam ser de bases e coligações políticas diferentes, já que cada um era votado separadamente. Muitas barreiras foram impostas para que não fosse cumprida um direito constitucional, o de o vice assumir quando o presidente não pudesse fazer isto.


Por fim, após muito tumulto, Jango (como João Goulart era conhecido) assumiu o poder. Jango no momento fazia uma viagem à China comunista, mas assumiu o poder – fato que reforçou a resistência das elites conservadoras e militares, e que, no fim, culminaria com o golpe militar de 1964.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Os estudantes e a ditadura


Boa Tarde!

Este post está atrasadíssimo, pois, por problemas não foi ao ar no dia do estudante. Por isso estou postando hoje. espero que gostem!



No dia 11 de agosto de 1827, D. Pedro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais do país: um em São Paulo e o outro em Olinda, este último mais tarde transferido para Recife. Por isso, em todo Brasil hoje comemoramos o Dia do estudante. Um dia a ser comemorado, pela luta que é dedicar-se aos estudos em um país onde se investe tão pouco na qualificação educacional de alunos e professores.
Comemorar também olhando para o passado. Os estudantes brasileiros já influenciaram bastante nas decisões políticas e sociais da nossa nação. E, durante o período da Ditadura Militar não foi diferente.

Foram muitos os protestos dos estudantes, através da UNE, órgão maior que representa esta categoria, ou de organizações de dentro das próprias universidades, onde muitos corajosos lutaram, deram sua opinião, mesmo com o perigo de sofrerem fortes repressões. E sofreram.
Destaco aqui, uma passagem dessa história:

No dia 13 de outubro de 1968, ocorreu a dissolução do 30° Congresso da União Nacional dos Estudantes pela brutal repressão exercida pela ditadura militar brasileira, na cidade de Ibiúna. Polícias invadiram o sítio onde estavam, prenderam muitos e mataram outros tantos. A UNE estava na ilegalidade desde abril de 1964, mês que se concretizou o Golpe, mas essa foi a mais dura repressão a este órgão. A entidade foi desarticulada de maneira definitiva em 1968, depois da dissolução deste Congresso de Ibiúna.

As mobilizações contra o regime militar foram tomando proporções cada vez mais radicais, assim como a repressão foi se intensificando, até que, em 13 de dezembro, foi decretado o Ato Institucional n° 5 (AI-5), endurecendo o regime, como única maneira de impedir a total perda de controle.

“Cerca de mil estudantes que participavam do XXX Congresso da UNE, iniciado clandestinamente num sítio, em Ibiúna, no Sul do Estado, foram presos ontem de manhã por soldados da Força Pública e policiais do DOPS. Estes chegaram sem serem pressentidos e não encontraram resistência. Toda a liderança do movimento universitário foi presa: José Dirceu, presidente da UEE, Luís Travassos, presidente da UNE, Vladimir Palmeira, presidente da União Metropolitana de Estudantes, e Antonio Guilherme Ribeiro Ribas, presidente da União Paulista de Estudantes Secundários, entre outros. Eles foram levados diretamente ao DOPS. Os demais estão recolhidos ao presídio Tiradentes.” (Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 13/10/1968)

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Mesmo após esta represália, muitos estudantes ainda lutaram conta o regime ditatorial, no Brasil. Em Caruaru, temos o exemplo do Assis Claudino e Edson Siqueira, histórias já contadas aqui no blog. Ambos eram estudantes, protestaram de formas diferentes, e os dois foram presos.
Com estes exemplos, neste Dia do Estudante não devemos apenas comemorar. Refletir também é importante. E os estudantes de 2011, como reagiriam a um governo repressor. Será que eles ainda se importam com a política? O que se vê é um total descaso com os rumos políticos do país. Uma das possibilidades é o fato de as pessoas acreditarem que a política é sinônimo de roubalheira e que os governantes não se movem para melhorar a vida dos cidadãos. Será que ainda é possível encontrar em escolas e universidades estudantes como aqueles da Ditadura, como aqueles caras-pintadas, aqueles “Edson’s” e “Assis” ?

A consciência política deve ser florescida nos jovens, que, como diz o clichê, são o futuro da nação. A política não deve ser apenas vista como participar, de maneira festiva como muitos fazem, de campanhas eleitorais. Participar da política, ser verdadeiramente um jovem politizado, é conhecer e defender os direitos. Assim como fizeram os estudantes durante a Ditadura.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

#Diamundialdorock

Boa Tarde!

Como hoje é o Dia Mundial do Rock, resolvi tratar deste tema por aqui. Se você não vê nenhuma ligação do rock com a Ditadura Militar no Brasil, trago para você alguns vídeos do que era produzido no cenário ‘roqueiro’ dos anos 70. Muito se fala e sabe do rock dos anos 80 no Brasil, mas na década anterior, o rock nos apresentou formas mais que criativas. E também, como muitas outras áres artíticas, sofreu com a repressão da ditadura.

Encontrei este artigo Ronaldo Rodrigues, no site Alquimia do Rock falando mais sobre esta relação do rock com a ditadura. [http://www.alquimiarockclub.com.br/alem-dos-cogumelos/1904/ ]

“Falar de rock no Brasil durante a década de 70 passa, irremediavelmente, por falar também de história e política. A fatalidade histórica que foi a ditadura militar no período 1964-1985 foi a forja na qual foi conformada a “cara” sofrida e suada de nosso rock e também foi a pá que cavou a sepultura de muitos jovens talentos. Outro fator que é fundamental a se analisar na história do nosso rock durante o período, apesar dos narizes torcidos dos mais radicais, é a MPB. Chega um ponto em que é praticamente impossível dissociar rock de MPB nos anos 70, numa via de dupla influência e muitas transas."

Selecionei alguns vídeos que trazem preciosidades do rock nacional dos anos 1970. Além, de um clipe do Alice Cooper que passou com suas turnês algumas vezes durante essa década do Brasil, para a alegria dos roqueiros da época.

Video 1- Alice Cooper - teenage Lament (1974)


2- Os Mutantes - ando meio desligado


3- Raul Seixas - Eu nasci há 10 mil anos atrás (1976)


4- Módulo 100 - Não fale com as paredes (1970)


5- Bolha - Sem nada (1972)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Afasta de mim esse cálice, pai.

Boa Tarde!



Estou lendo o livro ‘Histórias de canções: Chico Buarque’ de Wagner Homem e achei uma passagem interessante sobre uma música mais interessante e que tem muito a ver com o tema deste blog. A música é ‘Cálice’, composta por Gilberto Gil e Chico Buarque, em 1973. Segue trecho do livro, e letra da música, além de vídeo que retrata o momento relatado pelo trecho:



“Composta para o show Phono 73, realizado em maio de 1973, no Anhembi, São Paulo, a música seria cantada pela dupla de autores. Gil mostrou a Chico a primeira estrofe e o refrão “Pai, afasta de mim esse cálice”, referência à data em que os escrevera, uma Sexta-feira Santa. O parceiro viu, mais do que depressa, o jogo de palavras “cálice x cale-se”. Foi necessário apenas mais um encontro para que terminassem a canção de quatro estrofes – a primeira e a terceira de Gil, e as outras de Chico.


No dia do show, souberam que a música havia sido proibida. Decidiram cantá-la sem letra, entremeada com palavras desconexas. Desta vez, porém, a censura contou com a colaboração da própria gravadora que organizava o espetáculo e que operou com truculência. Assim que começaram, o microfone de Chico foi desligado. Irritado, ele buscou outro microfone, que também foi desativado – e assim sucessivamente, até que se rendeu, dizendo: “Vamos ao que pode”, e cantou ‘Baioque’.


Quando, em 1978, a canção foi liberada, Chico a incluiu em seu LP, e aí a censura veio de lugares antes inimagináveis: bispos da mesma Igreja que – através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – criticava a existência, em toda América Latina, de uma doutrina de segurança nacional que castrava as liberdades individuais proibiram a execução da música durante as missas.

Quinze anos depois do ocorrido, falando ao Correio Braziliense, Chico comentava as distorções que a censura provocava em todos os níveis:


“Às vezes, eu mesmo não sei o que eu quis dizer com algumas metáforas de músicas como ‘Cálice’, por exemplo. [...] naquela época havia uma forçação de barra muito grande, tanto a favor quanto contra. Ambos os lados liam politicamente o que não era. [...] Já disseram que o verso ‘de muito gorda a porca já não anda’, de ‘Cálice’, era uma crítica ao Delfim Neto, que era ministro. E gordo [risos].” Indagado sobre o real significado, respondeu: “Não faço a mínima ideia. [Risos] esse verso é do Gil.”



Segue a letra de Cálice:

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Segue link do vídeo com o trecho de Cálice sendo tocado [ ou uma tentativa disso] no Anhembi.

http://www.youtube.com/watch?v=vOGEV0W9rok

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Seu sissi e o atentado

Quando conto a algumas pessoas que quero fazer meu TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] sobre histórias de personagens da Ditadura Militar, em Caruaru, muitos me questionam: “Mas aconteceu alguma coisa aqui?”. Acho que essa dúvida paira na cabeça de muitas pessoas pelo fato destas não conhecerem e não se interessarem o tanto o quanto seria importante, pelo passado da nossa cidade. Falo isso porque todos os personagens que entrevistei até agora sempre têm histórias fascinantes e que se enquadram no cenário do regime militar, tanto de Pernambuco, como nacional. Vou contar um exemplo disto.

O ano era de 1966 e Francisco de Assis Claudino seguia com sua vida na cidade de Belo Jardim. Em seu passado,memórias tristes de prisões, perseguições, privações por causa da Ditadura Militar. Os anos eram de chumbo, e Seu Sissi, como ainda hoje é conhecido, resolveu tentar recomeçar sua vida longe da cidade de Caruaru, onde viu sua vida virar de pernas pro ar. Trabalhava em uma loja de crédito, morava em uma ‘pousada’ e assim tentava se re-eguer.


Até que, um dia, enquanto estava no trabalho, alguns elementos chegaram na pousada onde morava e fizeram perguntas sobre ele para o dono da pousada.O assunto era delicado,pensavam que Seu Sissi estivesse envolvido naquela grande confusão, um marco da história da ditadura em Pernambuco e que teve repercussão nacional. Mas Assis foi inocentado e tudo esclarecido.

O fato em questão era o Atentado ao Aeroporto dos Guararapes, que aconteceu no dia 25 de julho de 1966. Na manhã do dia 25, o Marechal Costa e Silva, então candidato à Presidência da República, era esperado por cerca de 300 pessoas. Às 08:30h, o serviço de som anunciou que, em virtude de pane no avião, ele estava deslocando-se por via terrestre de João Pessoa até Recife e iria, diretamente, para o prédio da SUDENE. Esse comunicado provocou o início da retirada do público. O guarda-civil Sebastião Tomaz de Aquino, o "Paraíba", também jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu uma maleta escura abandonada junto à livraria "SODILER", localizada no saguão do aeroporto. Julgando que alguém a havia esquecido, pegou-a para entregá-la no balcão do Departamento de Aviação Civil (DAC). Ocorreu uma forte explosão. Passados os primeiros momentos de pavor, viu-se que o atentado vitimou 16 pessoas.

Morreram o jornalista e secretário do governo de Pernambuco Edson Régis de Carvalho e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes. O guarda-civil "Paraíba" feriu-se no rosto e nas pernas, o que resultou, alguns meses mais tarde, na amputação de sua perna direita. O então Tenente-Coronel do Exército, Sylvio Ferreira da Silva, sofreu fratura exposta do ombro esquerdo e amputação de quatro dedos da mão esquerda.

Ficaram, ainda, feridos os advogados Haroldo Collares da Cunha Barreto e Antonio Pedro Morais da Cunha, os funcionários públicos Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro, os estudantes José Oliveira Silvestre, Amaro Duarte Dias e Laerte Lafaiete, a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciária Idalina Maia, o guarda-civil José Severino Pessoa Barreto, o deputado federal Luiz de Magalhães Melo e Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de seis anos de idade.

Na ocasião, sem provas conclusivas o atentado foi atribuído a militantes do Partido Comunista Revolucionário (PRC) e do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Hoje, sabe-se que foi obra da Ação Popular (AP). Mas,por que procuraram Seu Sissi?

“Não só me procuraram, mas também qualquer pessoa que tivesse alguma ligação contrária ao governo. Foi como uma investigação de guerra, todos eram suspeitos”

Assis só soube que suspeitaram dele anos depois, na mesma época que descobriu que o tal proprietário da pousada era também informante dos militares e cabia a ele vigiar todos os passos de Assis. Um personagem que à primeira vista parece ser um simples senhor, mas que teve sue nome também envolvido em um atentado contra um daqueles que governo país durante a Ditadura. Mas este é só mais um capítulo, uma passagem.

Seu Assis ainda tem muita história pra contar....

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Lembranças de Vlado

Hoje, se estivesse vivo, Vladimir Herzog, o Vlado, completaria 74 anos. Se estivesse vivo, talvez não teria sido um marco para a história nacional. Uma vida precisou ser sacrificada, para que a luta por democracia, durante a Ditadura Militar brasileira, fosse fortalecida e crescesse no âmbito nacional. Qualquer um que estudou história do Brasil na escola ouviu falar no Vlado. Mas, uma figura importante que mesmo após a morte se fez notar merece ser lembrado.


Herzog nasceu na antiga Iugoslávia, em 27 de junho de 1937. Filho de Zigmund Herzog e Zora Herzog, imigrou com os pais para o Brasil em 1942. A família saiu da Europa fugindo do nazismo. Vlado foi criado em São Paulo e se naturalizou brasileiro. Fez Filosofia na USP e tornou-se jornalista do jornal O Estado de S. Paulo em 1959.

No início da década de 60, casou-se com Clarice. Com o golpe militar de 1964, o casal resolveu passar uma temporada em Inglaterra e Vladimir conseguiu trabalho na BBC de Londres. Voltando ao Brasil, Vlado trabalhou um ano em publicidade, depois na editoria de cultura da revista Visão. Em 1975, foi escolhido pelo Secretário de Cultura de SP, José Mindlin, para dirigir o jornalismo da TV Cultura.

Um jornalista que sabia, como muitos daquela época, o quanto os militares estavam dispostos a eliminar (literalmente) qualquer ação ou forma de oposição. Mas, sua carreira política, - apesar de ser filiado ao Partido Comunista, proibido e perseguido durante o regime militar- , era feita de forma branda, a comparar com muitos revolucionários da época.
Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB. No dia seguinte, foi morto aos 38 anos.

Segundo a versão oficial da época, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de Jorge Benigno Jathay Duque Estrada e Rodolfo Konder, jornalistas presos na mesma época no DOI/CODI, Vladimir foi assassinado sob torturas. Como Herzog era judeu, o Shevra Kadish (comitê funerário judaico) recebeu o corpo e, ao prepará-lo para o funeral, o rabino percebeu que havia marcas de tortura no corpo do jornalista, prova de que o suicídio tinha sido forjado.

Em 1978, o legista Harry Shibata confirmou haver assinado o laudo necroscópico da vítima - na qualidade de segundo perito - sem examinar ou sequer ver o corpo. Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família.

Dados
Enquanto durou, de abril de 1964 a março de 1985, o regime militar produziu pelo menos 3,5 mil vítimas entre mortos, torturados, presos e banidos. Em 1972, morreram 33 homens e 5 mulheres nos porões da ditadura e em confrontos de guerrilha urbana. No ano seguinte, 28 pessoas foram mortas.

Em 1975 a imprensa entrou na mira do regime. Quando intimaram Herzog no dia 24, 11 jornalistas já estavam presos no DOI-CODI: Sérgio Gomes, Marinilda Marchi, Frederico Pessoas da Silva, Ricardo de Morais Monteiro, José Póla Galé, Luiz Paulo da Costa, Anthony de Cristo, Paulo Sérgio Markun, Diléia Markun, George Duque Estrada e Rodolfo Konder.

A morte de Vlado não foi a única, mas também não foi só mais uma em milhares. Foi uma tapa na cara naqueles que acreditavam que a violência poderia calar eternamente e que esta solucionaria todos os problemas. Foi uma mostra de como inocentes eram submetidos a tratamentos cruéis por pensar diferente. Existiram outros Vlados e ainda existem. A cada inocente que é morto por protestar contra o desmatamento no norte do país, por denunciar esquemas de corrupção. Cada um destes é um Vlado.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Geraldo e os tempos sombrios

Olá!


Sei que a intenção deste blog é escrever sobre personagens locais que tiveram sua história na Diatdura Militar. Mas, durante esse período estou com muito trabalho então estou atualizando com histórias interessantes, porém não necessáriamente vividas em Caruaru.

Estava pesquisando e achei esta entrevista, de 2009 do cantor Geraldo Azevendo no programa do Jô, na Rede Globo. Na entrevista ele fala de sua experiência traumática durante os anos de chumbo. Ele conta como não só a música, como a cultura em seu todo, foi uma grande amra de resistência.



“Nós éramos fichados, eu fui preso duas vezes como comunista, quem fazia cultura, quem era ligado a cultura, era comunista.”

Azevedo conta as torutras físicas e psicológicas que sofreu nos porões da Ditadura e como ainda asismc onseguiu manter e crescer em sua carreira.

“A Ditadura foi um momento muito cruel do Brasil.”

Seguem os links com a entrevista do Geraldo Azevedo:

http://www.youtube.com/watch?v=lmA9LdcBclE&feature=related [Parte 1]

http://www.youtube.com/watch?v=zkE4YldFfyA&feature=related [Parte2]

Desculpem-me a minha ausência. Já já tem novidades

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vital Santos: de perseguido à homenageado


Olá!

Assistindo a novela “Amor e Revolução” da emissora SBT, percebo o quanto o grupo de teatro da trama é constantemente alvo da repressão do DOI-CODI. Mesmo em meio a uma época onde parte da juventude estava mais preocupada com suas lambretas ou o novo lançamento da Jovem Guarda, muitos resistiam e faziam do teatro a forma mais criativa de protestar contra o Regime Militar.
O teatro de resistência teve seu espaço em Caruaru nos Anos de Chumbo. E um dos maiores percussores dessa via teatral foi o teatrólogo Vital Santos. Ele iniciou sua carreira em Caruaru e em 1966 foi um dos fundadores do Grupo Evolução. Após a peça “Feira de Caruaru”, peça baseada no livro “Terra de Caruaru” de José Condé, fundou o Grupo Feira de Teatro Popular. Segundo conta no livro Memória da Cena Pernambucana 02, de Leidson Ferraz, o grupo tinha como intenção “formar platéias, conscientizar o povo(...)”.

O Grupo Feira, como ficou conhecido, produziu peças que questionavam sempre a história política do país, mesmo em meio a um cenário político que promovia a censura a qualquer oposição ou questionamento. “Rua do Lixo, 24” e “O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou” mostravam o quanto algumas atitudes políticas se mostravam medíocres. A crítica sempre estava presente nas peças.
Vital relembra alguns momentos quando a censura agiu ferozmente diante da arte do Grupo. Ao se apresentar com a peça “Rua do Lixo,24”, em Brasília, em 1978, viveu alguns momentos de tensão. A peça havia sido quase toda censurada, mesmo esta peça tendo sido escrita dez anos antes da implantação do Golpe Militar. Após a apresentação, um agente da Política Militar intimou Vital a comparecer à Polícia Federal, às 9h do dia seguinte, onde sofreu tortura psicológica.

Em 1975, quando iam apresentar a peça “O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou” no teatro UFPE, os censores proibiram a peça pouc tempo antes da hora marcada para a apresentação. Em 1976, na I Mostra do Teatro Amador de Pernambuco, no Teatro santa Isabel, os censores só permitiram que “rua do Lixo, 24” fosse apresentada porque era um festival.
A peça “A árvore dos mamulengos” recebeu convite para se apresentar na França, mas o convite teve que ser rejeitado, por se eles viajassem, podiam ser impedidos de regressar.

Mesmo com todos os obstáculos, Vital, junto com o Grupo Feira conseguiu seguir adiante, enriquecendo o cenário teatral de Caruaru e de todo Brasil. Ad provas do sucesso são os prêmios conquistados. Com a peça "Rua do Lixo 24", escrita em 1968, ganhou cinco prêmios no Festival Nacional de Teatro (realizado em 1969) e percorreu o Brasil inteiro. Com a peça "O Auto das Sete Luas de Barro" (uma biografia do ceramista Mestre Vitalino) ganhou vários prêmios, entre os quais o Prêmio Molière; Mambembe; da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo e o Prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro. Outra peça ganhadora de vários festivais nacionais de teatro foi "O Sol Feriu a Terra e a Chaga se Alastrou".
Este ano, Vital é um dos homenageados do São João de Caruaru. Parabéns Prefeitura Municipal por reconhecer a grande contribuição que este homem trouxe para Caruaru, não apenas na época da Ditadura Militar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Artigo na Caruaru Vip

Olá.


Fiquei feliz ao ver na Revista Caruaru Vip, edição de junho, artigo de minha autoria. Muito interessante, tanto o artigo, que faz uma ligação com a novela Amor e Revolução da SBT, como também a revista, muito bem feita por Sandemberg Pontes, Paula Bezerra e demais colaboradores.

Agadeço o espaço na revista e transcrevo aqui o artigo publicado. Comprem a revista, ela está linda.


Lembranças de amor e revolução
A história que nunca deve ser esquecida




Muitos professores e estudiosos explicam a importância de se estudar história para que a sociedade atual não cometa os mesmos erros das anteriores. Estudar história, além desta função, tem o poder de fazer-nos conhecer a si mesmo e quem nos cerca. Através de livros, de artefatos ou apenas de conversas que são baseadas nas memórias de quem viveu uma época passada podemos acrescentar uma parte importante em nosso conhecimento.
A Ditadura Militar brasileira é uma dessas histórias que, quando contadas ou estudadas fascinam para quem ler ou as ouve. Um período taxado como anos de chumbos, provoca uma série de sentimentos importantes para um autoconhecimento. E ajuda a perceber a importância do lugar em que se vive. A emissora de televisão SBT está retratando, através da telenovela “Amor e Revolução” esta época da história do Brasil, que por sua brutalidade devia ser esquecida, mas por sua luta devia ser sempre lembrada.
Os personagens que compuseram a narrativa real, que começou com o golpe militar de 1964, hoje vão em busca de um novo objetivo para se lutar. Antes, a luta era por liberdade, seja ela de expressão, social, política ou ideológica. Hoje, a luta é para não caírem no esquecimento, para que a luta, que matou muito e machucou milhares, não tenha sido em vão.
Os tempos hoje são diferentes. Algumas conquistas foram alcançadas. Hoje, uma telenovela pode retratar o que se passou nos porões de torturas, de fingimentos. A televisão hoje exerce grande influência sobre a sociedade contemporânea. A “Amor e Revolução” está despertando em seus telespectadores e naqueles que acompanham a trama indiretamente, curiosidade em saber mais sobre a ditadura, revolta pelos crimes e atrocidades e até reações contrárias ao que se é mostrado.
Mas ainda é preciso gritar para as novas gerações, que toda essa liberdade, o direito de ir e vim que está garantido na Constituição Federal, foi fruto da luta, do sacrifício do José, Francisco, Manoel, Miguel, Maria. Que não são apenas os grandes nomes, que estampa os livros de história ou que são citados na novela que fizeram do golpe militar um aprendizado para que pudéssemos garantir nossos direitos. Que aquele senhor, sentando no banco em frente à Igreja de sua cidade tem muita história para contar. Que aquela senhora que parece ser apenas uma pessoa de 3ª idade em sua vida tranqüila no interior do Nordeste pode nos revelar histórias surpreendentes.
Indico a você caruaruense ou morador da cidade que está lendo este artigo que assista sim à novela que leia a respeito, que busque na internet ou em livros. Mas posso garantir que se você tirar uma tarde, e puder ir ao Café Rio Branco, que fica ali pertinho da Igreja Catedral, poderá conhecer muito mais sobre a Ditadura, o Golpe, a Revolução, ou como queira chamar. Entenderá que Caruaru também teve histórias que poderiam ser roteiro de telenovelas, que a história realmente nos faz pensar e nos ajudar a construir uma trama mais justa, com menos erros.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O direito de conhecer nosso passado.

Bom dia.

Fiquei um tempinho sem escrever, quero pedir sinceras desculpas, mas o próprio TCC e o trabalho tomaram bastante meu tempo por esses dias. E, através deste blog quero manifestar também um apelo.

Nesta segunda-feira (23) fiquei sabendo que o governador do estado do Piauí, Wilson Martins determinou a abertura de todos os documentos produzidos pelo extinto DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) do Estado. O decreto do governador coloca à disposição do interesse público os documentos das unidades de inteligência das polícias Civil e Militar do Estado, pelas assessorias de informação dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual.A partir de agora qualquer pessoa pode ter acesso aos documentos produzidos no Piauí durante o período da Ditadura Militar. Dentro de seis meses todos os documentos que ainda estiverem sob custódia dos órgãos do Estado devem ser entregues ao Arquivo Público do Piauí, passando a integrar a rede nacional de arquivos da ditadura.

Achei esta uma iniciativa muito louvável, pois assim o povo pode conhecer sua própria história. E esta é a intenção do meu livro. De poder fazer valer o direito de todos os caruaruenses de conhecer sua própria história e daqueles que lutaram para que hoje em dia, nós possamos nos expressar livremente, possamos votar e exercer nosso livre arbitro de forma plena (ou quase).
Hoje existem iniciativas como a citada acima, que fazem a gente perceber o quanto é importante não deixar o passado pra trás. O site criado pelo Governo Federal, Memórias Reveladas (http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/) ainda tem um arquivo pequeno, mas qualquer passo, mesmo pequeno, nos ajuda a perceber que o governo está abrindo os olhos. Depois do governo do Lula – que foi perseguido político – e agora com Dilma – também perseguida, guerrilheira e presa pelo Regime Militar – percebe-se um esforço para que se conheçam as verdades dos porões pós-golpe de 1964. Também se planeja a criação da Comissão da Verdade. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias aprovou na quarta-feira (16) a realização de audiência pública para discutir a criação da Comissão Nacional da Verdade, prevista no Projeto de Lei 7376/10, do Executivo. Polêmica dentro e fora do governo, a proposta diz que a comissão terá o objetivo de esclarecer casos de violação de direitos humanos ocorridos no período da ditadura.

Espero que o governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, neto de preso, perseguido e exilado político da Ditadura Miguel Arras, possa também lutar para que a história do estado não se perca, Para que as novas, a minha geração, e as futuras possam valorizar a luta de quem não desistiu da democracia.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pra não dizer que não falei de Vandré





Boa Tarde,

Ao entrevistar os personagens do meu TCC, muitos tocaram no mesmo ponto: a música "Para não dizer que não falei das flores" de Geraldo Vandré. Mas, o que essa música tem de tão especial?

Ela foi lançada durante o III Festival Internacional da Canção, em 1968. A música, conhecida também por "Caminhando", foi um estrodoso sucesso, em um ano quando a Ditadura Militar exercia seu lado mais repressor e sombrio.Foi lançado no LP Canto Geral, do mesmo ano.

Interpretada pelo próprio Vandré, a música tornou-se um hino de resistência para aqueles que faziam oposição ao regime militar instaurado no Brasil. Por seu conteúdo que inspirou muitos, foi censurada pelo governo militar, mas já estava consagrada pelos brasileiros.

O Refrão, que diz "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como um ultimato a opositores da Ditadura a entrarem na luta armada. No festival a música ficou em segundo lugar, perdendo para Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim.  Sabiá foi vaiada pelas pessoas presentes no festival, exigindo que o prêmio viesse a ser da música de Geraldo Vandré.

"No meu interrogatório, quando fui preso, me perguntaram porque eu gostava tanto de cantar e tocar a música de Geraldo Vandré. Me questionaram aquilo porque sabiam que era o hino dos que eram contra à ditadura" (Edson Siqueira)

Depois desse sucesso, Vandré entrou em um ostracismo musical, só voltando a compor em 1974, gerando muita polêmica ao escrever a música Fabiana, em homenagem às Forças Áreas Brasileiras.

Muitos boatos dizem que ele foi ameaçado pelos militares, tortuado, preso e fez um acordo para voltar ao Brasil: não compor canções como "Para não dizer que não falei das flores". Hoje, ele nega tudo e continua sem aparecer no cenário cultural. Ele aindadiz que o hino de protesto, que até hoje é usado para se fazer ouvir e arrastar multidões, não tinha cunho político. Aliás, afirma que nunca protestou ou se aliou com o governo militar.

A cantora Simone foi a primeira artista a cantar "Pra não dizer que não falei de flores após do fim da censura."

Leia entrevista que ele deu, em 2000, com exclusividade para o UOL:
http://cliquemusic.uol.com.br/materias/ver/geraldo-vandre-rompe-silencio

veja a letra da música e tirem suas próprias conclusões:

Pra não dizer que não falei das flores
 Geraldo Vandré

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria ou viver sem razão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.


Abraço

domingo, 8 de maio de 2011

Uma mãe de exemplo

Hoje, 08 de maio de 2011, estamos comemorando o Dia das Mães. E nesta data tão especial para muita gente, quero dar uma dica para os leitores do blog. Sem sair do tema de discussão, mas proporcionando um momento de muita diversão, quero sugerir um filme para você assistir com sua mãe, ou lembrando dela.

Conhecem a história de Zuzu Angel? Uma mineira que morou no Rio de Janeiro e começou sua vida costurando roupas para seus familiares e virou um grande nome no mundo da moda e da resistência e luta contra a Ditadura Militar. No início dos anos 1970 consegue abrir sua primeira loja, em Ipanema e fica muito conhecida. Antes conheceu, em meio a seus desfiles o americano Norman Jones, e passam a ser namorados. Após alguns anos juntos, voltam para o Brasil e se casam, e acabam se mudando para Salvador, onde ela morou muitos anos. Lá Zuzu engravidou e deu a luz a seu filho, chamado Stuart Edgart.

Seu filho Stuart, nos anos 1970, já adulto, começou a lutar contra a ditadura militar e, igual a muitos, foi preso pelo DOI-CODI e desapareceu. A partir daí, Zuzu entraria em uma guerra contra o regime pela recuperação do corpo de seu filho, envolvendo até os Estados Unidos, país de seu ex-marido e pai de Stuart. Foram anos em busca do corpo do filho, anos e anos de luta e sofrimento, mas ela não pôde dar um enterro a seu amado filho, pois o corpo de Stuart nunca foi encontrado.

Zuzu infelizmente não conseguiu seguir com sua luta. Morreu em um acidente de carro, no dia 14 de abril de 1976, de forma muito suspeita. A força da luta desta mulher para encontrar o filho, ou o corpo dele, e para denunciar as atrocidades da Ditadura despertou a ira de muitos. O caso de Zuzu foi tratado pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, no processo de número 237/96. O governo brasileiro assumiu, em 1998, a participação do Estado em sua morte.

Em 2006 o diretor Sérgio Rezende dirigiu o filme Zuzu Angel. Que tal você assistir com sua mãe, um filme emocionante, com atores e interpretações maravilhosos? Com certeza você vai se emocionar e perceber o quanto àqueles eram anos complicados para muitas mães.

Ainda existem muitas mães e famílias que não sabem o paradeiro daquele filho, filha, marido, esposa, irmão, pai e mãe. Desejo a estes, muita paz de espírito e para todas as mães, principalmente a minha, um FELIZ DIA DAS MÃES.

Abraços.