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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Caravana da Anistia julga 21 processos de pernambucanos nesta sexta

Do pe360graus,

A 51ª edição Caravana da Anistia está no Recife, hoje (30), e está julgando 21 pedidos de anistia de pernambucanos, em busca de promover o direito à reparação, à memória e à verdade nos casos de violação dos direitos humanos durante a Ditadura Militar. Dentre os processos a serem julgados estão o do músico Geraldo Azevedo e o de Francisco Julião.

A sessão ocorre desde às 9h, no Auditório da Assembléia Legislativa do estado de Pernambuco (Alepe), no 6º andar do Anexo I. Pela manhã, ocorreram algumas atividades culturais. Os julgamentos estão acontecendo agora a tarde. No estado, em outras duas Caravanas, 54 processos foram julgados como os de Paulo Freire, Dom Hélder Câmara e Miguel Arraes.


Ao longo das sessões realizadas pela Caravana são julgados pedidos de anistia nos locais onde aconteceram as violações. Geraldo Azevedo teve a música "Canção da despedida” censurada em 1968, tendo sido preso em outubro de 1969 pela Marinha do Brasil e permanecido detido até dezembro. Foi preso novamente em 7 setembro de 1975, sendo levado ao DOI-CODI e libertado no dia 18 do mesmo mês. O cantor relata ter sofrido torturas nas duas vezes em que foi preso.

Outro caso que está sendo julgado é o de Francisco Julião. Advogado e jornalista, Julião é um dos fundadores das Ligas Camponesas e foi eleito deputado federal, mas teve seu mandato cassado por conta do Ato Institucional nº 1, em 1964. Foi preso no mesmo ano e, após 18 meses, teve o habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal. Exilou-se no México e só retornou ao Brasil após 15 anos em virtude da Lei de Anistia.

Os trabalhos da caravana serão conduzidos pelo secretário Nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão. “A Comissão de Cidadania está colaborando para que a verdade e a justiça no Brasil se concretizem”, destacou o presidente da Comissão de Cidadania da Alepe, deputado Betinho Gomes.

A sessão é uma realização da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, com apoio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe. Também são parceiros da caravana o Governo do Estado, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Pernambuco (OAB-PE), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o movimento Tortura Nunca Mais, o Ministério Público de Pernambuco e diversas organizações sociais.

Confira abaixo o nome dos outros pernambucanos que terão seus casos julgados nesta edição da Caravana da Anistia:
- Wilson Campos de Almeida Filho: ex-funcionário do Serpro, informa que nunca recebeu punição e que foi demitido ao integrar a Associação de Empregados;


- Rubem Alves Rodrigues: membro da ALN, exilou-se no Chile para evitar prisão;
- Gilberto Barreto da Costa Pereira: cadete expulso da Aman por ser acusado de portar livros e propagandas de material subversivo;
- Manoel Silva Teodósio Neto (Post mortem): membro do PCB preso em 1964 e em 1973;
- Theodomiro Romeiro dos Santos: estudante. Foi condenado à morte pelo regime, tendo a pena convertida à prisão perpétua em 1971. Exilou-se em 1979 e retornou ao Brasil em 1985;.
- Severino Lino da Silva: camponês residente no Engenho Galiléia. Foi preso por suspeitas de fazer parte da Liga Camponesa;
- José Silvestre de Araújo (Post mortem): camponês preso em 1964 e 1965 por agitação comunista. Processado pela Justiça Militar. Sucessora
Luiz de Moraes Costa Filho: estudante preso no Chile em 1973 sob acusação de subversão;
- Marcelo Hugo de Medeiros: ex-funcionário da Sudene. Abandonou o emprego em 1966. Foi preso em 1969, foi colocado em liberdade em 1971. Em1974 teve a prisão preventiva decretada;
- Geraldo Gonçalvez Pereira: ex-funcionário da CRC demitido pelo art. 7º do Ato Institucional 1;
- João Francisco da Silva: operário preso em 1968 por fazer panfletagem e preso em 1972;
- Epitácio Afonso Pereira: camponês. Militância iniciada em 1950. Integrante da Liga Camponesa;
- José Moreira de Lemos Neto: estudante. Preso em 1971 por participar da luta armada e da expropriação de um banco em Fortaleza;
- Rosa Maria Barros dos Santos: estudante de Medicina presa em 1971 por subversão. Permaneceu presa por 1 ano e 8 meses;
- Izabela Juliana de Castro: filha de Francisco Julião, passou 7 anos exilada no México;
- Fernando Duarte Fernandes Vieira: Informa ter sido expulso da maçonaria sob acusação de infiltração comunista;
- Severino Marques Brito: ex-delegado sindical. Preso em 1966, por ser liderança de greve ocorrida na Usina de São José em Igarassu/ PE;
- Roberto Carlos Cantalice de Medeiros: professor preso sob a acusação de ser militante do PC do B;
- Nobel Vita: estudante e servidor do DNOCS. Foi indiciado em IPM por participar de manifestações pela morte do estudante Edson Luis.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ótima iniciativa

Boa tarde!


Caruaru homenageia militantes políticos mortos pela ditadura



As prefeituras de Caruaru e do Recife realizam nesta quarta-feira, às 10h da manhã, um ato solene em memória dos militantes políticos Luis Alberto de Andrade Sá Benevides e Miriam Lopes Verbana, mortos durante a ditadura militar. Socialista histórico, o vice-prefeito de Caruaru, Jorge Gomes, estará presente à cerimônia, que acontece no Cemitério Dom Bosco, na capital do Agreste. A secretária de Direitos Humanos, Amparo Araújo, virá representando o prefeito do Recife.


Luís Alberto e Miriam Lopes Verbena participaram ativamente da resistência à ditadura, atuando como dirigentes do antigo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), um dos mais combativos do período. Eles chegaram ao Nordeste por volta de 1970. Aqui, foram vítimas das perseguições dos militares. O casal acabou assassinado em 1974, em um trecho da BR 234, que hoje é conhecida como BR 432, próximo ao município de São Caitano. Luis e Miriam foram enterrados em Caruaru sob os nomes fictícios de "José Carlos Rodrigues" e "Miriam Lopes Rodrigues", nas covas de números 1.538 e 1.139 respectivamente.


A homenagem foi marcada para a data em que se comemora o aniversário de Luís Alberto. Durante o tributo ao casal de militantes uma placa com nomes verídicos será fixada no Cemitério Dom Bosco.



-- 
Prefeitura Municipal de Caruaru
Secretaria de Comunicação Social



[PARABÉNS À PREFEITURA MUNICIPAL PELA ÓTIMA INICIATIVA DE RESGATAR A MEMÓRIA DO POVO CARUARUENSE!]

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cálice e suas versões

Achei bem interessante este post do blog "Em Cartaz na Web" e resolvi transcrevê-lo aqui.

Um dos maiores hinos anticensura escritos durante a ditadura militar, "Cálice" é um desses casos em que uma versão muito conhecida confunde a autoria da música na cabeça de um monte de gente. Apesar de ter ficado famosa na voz de Milton Nascimento, o parceiro de Chico Buarque na composição foi Gilberto Gil.



A música deveria ter feito sua estreia num especial da PolyGram em 1973. A censura, no entanto, não gostou nada do que ouviu e proibiu que ela fosse cantada. Chico e Gil tocaram mesmo assim, mas com Gil soltando palavras aleatórias no lugar da letra e Chico apenas pontuando as estrofes com "cale-se". Acabaram com os microfones desligados. As imagens do vídeo abaixo não são do show, mas aí está a versão censurada de Chico Buarque e Gilberto Gil.



Cinco anos depois a música foi liberada e Chico achou importante registrá-la em disco. Gilberto Gil estava mudando de gravadora e por esses absurdos contratuais da era pré-mp3 não pôde participar, abrindo espaço para Milton Nascimento.



A música foi um sucesso e ainda em 1978 ganhou também versão de Maria Bethânia, que no vídeo abaixo se apresenta no "Fantástico".



Muitos e muitos anos depois Pitty fez uma versão rock de "Cálice", bem ao gosto do novo milênio.


Acontece que desde que essa música foi escrita o país mudou muito. Então a letra mereceu uma revisão para se adaptar ao mundo do rapper Criolo. Ele mora no Grajaú, na Zona Sul de São Paulo e não na Zona Norte do Rio, e mostrou nessa versão que suas referências vão muito além do rap.