Boa tarde.
Há, mais ou menos, três semanas, conversei com a senhora Maria José de Lima Vasconcelos (a que está de terno preto e blusa vermelha, na foto). Hoje, ela é coordenadora do Centro de Referência Especial da Mulher, em Caruaru. No passado, foi grande ativista política, participando sempre de movimentos em prol das minorias, principalmente na época da Ditadura Militar.
Maria José tem uma história muito rica, que traz fatos surpreendentes, como ter sido casada com um militar, mesmo exercendo atividades consideradas subversivas, além de participar da criação de sindicatos, associações de moradores. Mas, um fato me chamou muita atenção. Ela foi integrante do MR-8. Não sabe o que foi este movimento?
O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) surgiu de uma união de universitários com o Partido Comunista Brasileiro, a DI-RJ (a partir de 1967, MR-8) atuou em várias ações do movimento estudantil e do início da luta armada, em 1968. Ainda existente, é uma organização política de ideologia socialista que participou da luta armada e tinha como objetivo a instalação de um Estado socialista. Surgida em 1964 no meio universitário da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, foi nomeada assim em memória à data da morte de Ernesto "Che" Guevara, na Bolívia, em 8 de outubro de 1967.
O MR-8 ganhou destaque nacional e internacional não só por optar por armas, através de ideologias de guerrilhas, para lutar contra a repressão militar brasileira.A ação mais importante organizada pelo grupo, foi o sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, realizado em conjunto com a Aliança Libertadora Nacional (ALN), de São Paulo. A ação foi realizada, para trocar por prisioneiros políticos que a Ditadura havia feito, principalmente o líder do grupo, Vladimir Palmeira. Além disso, o envolvimento dos Estados Unidos com a ditadura militar brasileira era grande e notório o suficiente para tornar o embaixador uma vítima perfeita. Essa ação virou filme. “O que é isso, companheiro?” ainda representou o Brasil, no Oscar.
O sequestro, que teve como um de seus promotores Fernando Gabeira, resultou em vitória para o movimento revolucionário. O MR-8 conseguiu negociar a liberdade do embaixador em troca de 15 prisioneiros políticos, que embarcaram no dia 6 de setembro para o México, e, além disso, foi decisivo para que promovesse ampla divulgação em rádios e jornais do país a insatisfação contra a ditadura, permitindo que muitos tomassem conhecimento do que vinha acontecendo no país e chamando a atenção em âmbito nacional e internacional contra o regime militar.
Ainda em 1971 a repressão do regime militar aumentou muito e o MR-8 quase chegou ao fim em 1972. A maioria dos militantes se refugiou no Chile onde pôde se re-estruturar, deixando a luta armada e partindo para a luta ideológica. O Movimento começou a editar o informativo “Hora do Povo”.
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