Páginas

terça-feira, 10 de julho de 2012

Dom Eugênio: a controvérsia em pessoa





Na noite de ontem (09) recebi a notícia que havia falecido o Dom Eugênio Sales. Hoje pela manhã, no trabalho, ouvi o seguinte questionamento” quem é Dom Eugênio?”. Poucos sabem da história desse homem e, acredito, que uma palavra possa defini-lo perfeitamente: controverso.

Dom Eugênio teve 67 anos dedicado à Igreja e foi taxado tanto como conservador , - devido a suas idéias contrárias em relação à união homossexual e aborto -, como o “bispo vermelho”, por te contribuído com a criação de sindicatos rurais no rio Grande do Norte, no início do sacerdócio e também por ajudar a fugitivos e perseguidos de governos militares, tanto do Brasil como de outros países.

Durante a Ditadura Militar Brasileira, chegou a abrigar no Rio, mais de quatro mil pessoas perseguidas pelos regimes militares do Cone Sul, entre 1976 e 1982. Discretamente, o cardeal cultivava delicadas relações com os militares e ajudou a salvar vidas.Para dar conta de tanto pedidos, autorizou o aluguel de quartos e depois apartamentos. A ajuda incluía dinheiro para gastos pessoais, assistência médica e auxílio jurídico.


Em entrevista ao GLOBO em 2008, Dom Eugenio contou por que agiu nos bastidores:

— Se eu anunciasse o que estava fazendo, não tinha chance. Muitos não concordavam, mas eu preferia dialogar e salvar — disse. — Eu não tinha nem nunca tive interesse em divulgar nada disso. Queria que as coisas funcionassem, e o caminho naquele momento era esse, o caminho de não pisar no pé (do governo).

O jornalista Genenton Moraes Neto entrevistou o Dom Eugênio, onde ele conta sobre diversos assuntos. Vale a pena acompanhar (segue links abaixo) e tirar suas próprias conclusões sobre este homem importante e enigmático.





Vilão ou herói? Diria humano, com muitos erros e muitos acertos. 




Abraços!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ditadura brasileira destruiu mais de 19 mil documentos secretos

Olá!

A Folha de São paulo, em seu site, publicou matéria sobre destruição de arquivos na época da Ditadura Militar brasileira. Reproduzo, parcialmente, essa matéria, junto com infográfico sobre o assunto. Vale a pena ler e entender mais sobre isso.
----



Guardado em sigilo por mais de três décadas, um conjunto de 40 relatórios encadernados detalha a destruição de aproximadamente 19,4 mil documentos secretos produzidos ao longo da ditadura militar (1964-1985) pelo extinto SNI (Serviço Nacional de Informações).

As ordens de destruição, agora liberadas à consulta pelo Arquivo Nacional de Brasília, partiram do comando do SNI e foram cumpridas no segundo semestre de 1981, no governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985).Do material destruído, o SNI guardou apenas um resumo, de uma ou duas linhas, que ajuda a entender o que foi eliminado.

Dentre os documentos, estavam relatórios sobre personalidades famosas, como o ex-governador do Rio Leonel Brizola (1922-2004), o arcebispo católico dom Helder Câmara (1909-1999), o poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980) e o poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

Alguns papéis podiam causar incômodo aos militares, como um relatório intitulado "Tráfico de Influência de Parente do Presidente da República". O material era relacionado ao ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, que governou de 1969 a 1974.

Outros documentos destruídos descreviam supostas "contas bancárias no exterior" do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros ou a "infiltração de subversivos no Banco do Brasil".Boa parte dos documentos eliminados trata de pessoas mortas até 1981. A análise dos registros sugere que o SNI procurava se livrar de todos os dados de pessoas mortas, talvez por considerar que elas não eram mais de importância para as atividades de vigilância da ditadura.

LEGISLAÇÃO

Algumas das ordens de destruição foram assinadas pelo general Newton Cruz, que foi chefe da agência central do SNI entre 1978 e 1983. Em entrevista por telefone realizada na semana passada, Cruz, que está com 87 anos, disse que não se recorda de detalhes das destruições. Mas afirmou ter "cumprido a lei da época".

A legislação em vigor nos anos 80 abria amplo espaço para eliminações indiscriminadas de documentos. Baixado durante a ditadura, o Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos, de 1967, estabelecia que materiais sigilosos poderiam ser destruídos, mas não exigia motivos objetivos. Bastava que uma equipe de três militares decidisse que os papéis "eram inúteis" como dado de inteligência militar.
A prática da destruição de papéis sigilosos foi adotada por outros órgãos estatais.

(Fonte: Rubens Valente / Folha de São Paulo)