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sexta-feira, 29 de abril de 2011

O lutador Pepeu

Bom Dia!

O Ano passado, quando estavam escolhendo o nome da turma de jornalismo da FAVIP que iria se formar, buscaram nomes de pessoas importante do Brasil e do Mundo que contribuíram para o jornalismo ou para a história. Eu logo pensei em uma pessoa que contribuiu para essas duas vias (o jornalismo e a história). Mais que isso, ele contribuiu para a política, para a literatura. E tudo isso, sem sair de Pernambuco ou se afastar muito de Caruaru. E o nome da turma foi: “Souza Pepeu”.

Não me formei com aquela turma, infelizmente. Mas fiquei muito feliz em saber que uma pessoa tão importante, que tanta sabedoria nos forneceu, pôde ser homenageada. E você, caruaruense, pernambucano, sabe quem foi Souza Pepeu?

Severino de Souza Pepeu nasceu em 16 de novembro de 1940. Com um currículo vasto, ele participou da criação da Rádio Cultura do Nordeste, em Caruaru, sendo o primeiro locutor com carteira assinada da rádio. Trabalhou na extinta Rádio Difusora, l Rádio Jornal do Commercio. Atuou nas páginas do Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio e Vanguarda. Foi também chefe de reportagem na rede Globo Nordeste e teve atuação na extinta TV Tropical (atual TV Pernambuco). Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1969.

Sua história durante a Ditadura Militar foi de grande importância para salvar vidas e resgatar os direitos humanos, esquecidos nos anos de chumbo. Foi processado pela Ditadura Militar após noticiar a tortura de representantes políticos de esquerda na década de 1970. Sua atuação destacada em prol dos direitos humanos o levou a ter seu primeiro mandado de vereador de caruaru cassado em virtude do Ato Institucional de número 5 (segue imagem de jornal da época sobe sua cassação). Foi um militante forte pelas diretas já junto ao ex-Senador e ex-Ministro da Agricultura Marcos Freire e ao Presidente Nacional do Partido Popular Socialista Roberto Freire em Pernambuco. 

Um home com personalidade forte, que não desistia de fazer da política uma forma de conscientização. Fundou e escrevia na Revista Caruaru Hoje, pouco valorizada pelos caruaruenses, mas que trazia em seu conteúdo riquezas da história da Princesa do Agreste. Ele faleceu no dia 25 de agosto de 2010, dormindo.
Tomara que os estudantes que se formaram na Turma Jornalista Souza Pepeu tenham consciência do grande homem que nomeou sua conclusão de curso. Tomara que Caruaru reconheça a importância de Pepeu para que Caruaru não sofresse mais por causa de torturas e ações anti-democráticas.

Alguns comentários de amigos e autoridades sobre o Severino de Souza Pepeu

"Pepeu foi meu amigo desde a nossa infância, na Rua Saldanha da Gama, em Caruaru. Nos anos 60 do século passado, por diferentes caminhos, ingressamos no Partido Comunista Brasileiro. Apos o golpe de 64, chegamos a ocupar - juntos com outros 15 foragidos da policia pernambucana, inclusive Maurílio Ferreira Lima - um minúsculo apartamento no carioca bairro do Leme. Sua morte representa, para o jornalismo e para mim, uma grande e sentida perda".  Antônio Falcão. (Portal Mais AB- 26/08/2010)

Eu não perdi apenas um amigo, mas também um militante, um homem que soube fazer política honesta. Em nome de minha família, faço referência à contribuição de Souza Pepeu no nosso conjunto político pelo Agreste. Hoje, Caruaru faz uma justa homenagem a um dos homens mais sérios que já conheci na minha vida". João Lyra neto (Jornal vanguarda – 28/08/2010)

 “Caruaru era para o jornalista muito mais do que uma cidade, mas uma espécie de lugar-ímpar – espaço de sonhos e construção política e poética. Caruaru era azul palavra, como cantou certa vez Carlos Fernando, também caruaruense”. Fabianna Pepeu (26/08/2010)

 "Mesmo nunca sendo prefeito, Pepeu fez muito mais do que vários chefes do Executivo que passaram pela cidade." José Queiroz (Jornal Vanguarda – 28/08/2010)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Memórias de um povo no Blog do Vanguarda

Bom Dia.

Venho, através deste post, agradecer ao jornalista Hélio Jr. pela publicação, no Blog do Vanguarda, sobre este blog. É com iniciativas como essa, que eu tenho mais vontade de levar meu TCC e o blog adiante.

Segue link da postagem no Blog do Vanguarda:
http://www.blogdovanguarda.com.br/?pagina=arquivo&id=2879

Agradeço também a todos aqueles que de alguma forma contribui para a continuação deste trabalho e pelos elogios de amigos e colegas.

Abraços.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Teatro e a censura, em anos de chumbo

Bom Dia!
Você foi ao teatro este ano? Assistiu a alguma peça? Ainda não? Pois então deveria!

Não, não mudei de assunto, mas faço esses questionamentos para começar falando de mais um personagem que viveu o drama da vida real que foi a Ditadura Militar, aqui em Caruaru. Hoje, ele é mais conhecido como fotógrafo e por possuir grande acervo de fotos históricas. Carlos Sá era um menino, entrando na adolescência, mas tem boas histórias para contar sobre a Ditadura.

Carlos entrou para o grupo de teatro A Feira de Caruaru em 1972, aos 14 anos. Resolveu participar do mundo do teatro, após assistir a uma peça. Mesmo esse sendo um grupo que possuía idéias de esquerda, ele pensou que aquilo era uma forma de se expressar e protestar. Mas, aqueles eram tempos difíceis. Ao baixar o Ato Institucional nº5, o AI-5, o regime militar ficou mais duro, e com ele a censura dominava qualquer foi de expressão. Já não existia a liberdade e qualquer direito humano, artístico ou de imprensa era esquecido.

Para apresentar uma peça, por mais que o seu tema não fosse político, era necessário passar por um pente fino da Ditadura. A companhia teatral tinha que avisar ao governo quando a peça iria se apresentar, enviar o roteiro e pedir a vinda de um censor para verificar se a peça não seria “subversiva”. E a censura era implacável. O trabalho de meses, para se preparar uma peça, fazer figurino, conseguir patrocínio, fazer ensaios podiam ser em vão, caso a censura proibisse a peça de se apresentar.

Segue trecho da entrevista que fiz com Carlos Sá, que retrata uma dessas situações:
“Tivemos apresentações censuradas. Nós tivemos uma apresentação na UFPE da peça ‘O Sol feriu a terra e a chaga se alastrou’ censurada. Falava sobre terra, sobre o homem pobre. Nós apresentamos a peça para os censores, não falaram nada. Faltando cinco minutos para a peça começar, o teatro completamente lotado, a censura proibiu.”

Não se podia fazer nada. Quem contestasse era preso. Mas, mesmo aos ‘trancos e barrancos’ o teatro ainda foi uma forte via para dar voz a quem sabia que a revolução de 1964 era na verdade uma ditadura que matava e torturava.

Conhecendo mais sobre a força do teatro durante os anos de chumbo, você passa a entender a força e a vontade que muitos atores e teatrólogos têm para fazer essa arte não cair no esquecimento. Que tal você valorizar também essa arte. Vamos ao teatro? 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Do tempo que discordar era proibido

Bom Dia!

Como foram de Páscoa? Muitos chocolates, vinhos e confraternizações? Espero que sim. Eu aproveitei o feriadão para dar carga no TCC. Consegui terminar um capítulo inteiro! Agora, retorno as postagens sobre a Ditadura Militar em Caruaru.

Páscoa é tempo de renascer, não é? E este personagem, como tantos outros afetados pela repressão da Ditadura Militar, teve que re-nascer, re-construir sua vida.  Seu nome: Francisco de Assis Claudino. Mais conhecido por Sissi, esse senhor tem muito que ensinar, mas também está sempre a aprender. Conheci-o pela primeira vez quando fui fazer um trabalho sobre a imprensa caruaruense. Ele é tio-avô da minha eterna amiga Vilminha, que me levou até a casa dele. Casa, não, ali é uma biblioteca. Seu acervo é enorme, tanto de livros, como também de jornais e memórias.

Na orelha de seu mais recente livro, “A mãe que pariu o senador” [ele já escreveu outro livro com o título “O monstro sagrado e o amarelinho comunista”] ele diz que ‘‘já foi quase tudo: escoteiro, líder estudantil, coroinha, bibliotecário, comerciante, professores, advogado e assessor da Câmara Municipal de Caruaru''.
Seu vasto currículo contrasta com a situação que foi obrigado a estar durante a Ditadura Militar. Na época, era bancário, um dos fundadores do Sindicato desta classe em Caruaru, professor e escrevia nos jornais da cidade. Mas, com o golpe militar em 1964 perdeu tudo. Foi presos várias vezes, expulso do banco e da escola onde lecionava, expulso da Faculdade de Direito de Caruaru, onde estudava e realizava o sonho de se tornar advogado. Teve sua vida vigiada, tendo que ir para outra cidade para re-começar. Isso tudo porque tinha idéias contrárias ao do poder militar vigente. Apenas por discordar.

Pensou em suicídio. O desespero de ter sua vida virada ao avesso foi, por vários momentos, desesperador. Mas conseguiu re-nascer. Hoje, ele conta com muito orgulho e convicção que sobreviveu. Continua a discordar, mas agora com liberdade. 

(Na Foto: Assis Claudino de azul, junto com seu amigo Waldênio Porto)
Abraços!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O 'elemento vermelho' nº1

Bom Dia

Hoje, meu personagem, infelizmente, não está mais entre nós. Mas, como tantos outros, merece destaque. Abdias Bastos Lé, ou “Seu Abdias” faleceu no dia 28 de setembro de 2009, seria um dos meus personagens para meu TCC e teria muitas histórias impressionantes para contar. Meu primeiro contanto com Seu Abdias foi indireto, mas me fez ficar admirada pela sua história. Fui ao seu pequeno sítio, perto de Terra Vermelha, para uma confraternização de trabalho. Chegando lá, via-se um grande acervo de fotos e notícias sobre o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Outro grande personagem da história do Brasil e com o qual Abdias teve grande contato e amizade.

A partir daí, fui atrás da história desse grande home que foi Abdias. Comunista, em lista conseguida por mim, da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, datada de 1961, era o mais visado pelos milicas, o “elemento vermelho” que mais despertava a ira dos ditadores. Tanto que, foi preso já no dia 2 de abril de 1964, um dia depois de instalado o golpe. Foi recolhido à Casa de Detenção do Recife, juntamente com uma dezena de outros presos. Seu nome se encontra registrado no livro “Torturas e Torturados”, de Márcio Moreira Alves.

Tive poucos contatos com esse senhor, apaixonado por literatura e que sempre estava presente em conversas no Café Rio Branco. Como escreveu Augusto Sampaio, no blog, Recanto das Letras “Abdias Bastos Lé foi um homem diferenciado e merece a estima e o respeito dos caruaruenses.”


>>> Segue abaixo portaria do Ministério Público de Pernambuco, que fala sobre indenização para o senhor Abdias Lé, devido a torturas que sofreu durante a ditadura militar.

PORTARIA N 893, DE 20 DE JUNHO DE 2003
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pela Primeira Câmara da Comissão de Anistia, na sessão realizada no dia 20 de maio de 2003, no Requerimento de Anistia nº 2002.01.10260, resolve:
Declarar ABDIAS BASTOS LÉ anistiado político, concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única, no valor correspondente a 450 (quatrocentos e cinqüenta) salários mínimos equivalentes, nesta data, a R$ 108.000,00 (cento e oito mil reais), respeitado o teto de R$ 100.000,00 (cem mil reais), nos termos dos artigos 1º, incisos I, II e 4º, § 2º, da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Apoio dos amigos!

Bom Dia.

Hoje irei dar uma pausa nas histórias da Ditadura para agradecer, através desses post, o apoio que estou tendo de amigos e familiares. Segue alguns comentários, fora os que comentaram por aqui, sobre este blog, que ainda é um recém-nascido:


 Mário Flávio Lima 
@ 
@ Vou dar uma olhada! Quero ir para a sua banca.

 Jael Soares 
@ 
@ Está nos meus favoritos para eu ler assim que tiver tempo. Já vi que tem coisas legais postadas. Muito massa ficará seu tcc!

 Jurani 
@ 
Parabéns @ eu gosto de ver pessoas resgatando estas histórias. São fundamentais para manter viva a memória. Boa sorte. Abraços

 Manoela Epitácio 
@ Continue tuitando sobre o blog pois quero acompanhar. Parabéns pelo trabalho! Tb estudei com Edilson de Góis, só lembranças.

 Robson Meriéverton 
@ 
@ Veio com a notícia um pouco atrasada, pois já estou lendo desde a primeira postagem, hehehehe. Parabéns. Tá massa!

 Vinicius Gomes 
@ 
@ Sinto que tanto blog quanto o livro irão causar. Parabéns!

 Bruno Tôrres 
Legal esse texto, espero mais histórias. RT @ Nova Postagem! 

Além dos tweet's também agradeço o apoio pelo MSN, pelo Facebook e, muito à minha amiga jornalista Paula Bezerra, que postou uma nota sobre meu blog que você pode conferir no link:

E termino esse agradecimento com uma música do grandioso Chico Buarque, cantor e compositor que muito contribuiu para meu amor pela suas composições, pela MPB e pela Ditadura Militar. Que, apesar dos pesares, contar com o apoio de todos faz tudo valer a pena!
"Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você"

Abraços!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Poeta da Fome

Bom Dia.


Nesta segunda postagem, apresento para vocês um dos personagens do meu TCC. Ele se chama Severino Quirino de Miranda, mas é conhecido por muitos como o Poeta da Fome.
Nascido em Bezerros, em 1930, é um senhor humilde, que vive em uma casa simples, mas está sempre pronto pra receber qualquer pessoa que queira ouvir sua história de vida. Uma história de muitas lutas.
Semianalfabeto, ele usou dos poder das palavras para se destacar e lutar por uma sociedade mais justa.
Foi servente de pedreiro, foi à brasília, e participou de sua construção. Trabalhou na zona canavieira, mas foi quando decidiu seguir suas doutrinas políticas que sua história teve importante significado para Caruaru e para meu livro.
Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1950, e ficou responsável por distribuir os jornais do partido, os mesmos que despertaram no pedreiro a vontade de, através do comunismo, lutar por uma sociedade socialista.
Com o golpe, no dia 1º de abril, sua vida mudou, como de tantos brasileiros. Ajudou companheiros a fugir, viu companheiros sendo mortos, ou desaparecendo. Conseguiu escapar das garras dos militares até 1972.
Foi preso, torturado (tortura física e psicológica). Passou mais de dois anos na prisão. Lembra com muitas lágrimas nos olhos esse capítulo negro da sua vida.
Já tenho contato com este grande homem há mais de 3 meses. Em todas as entrevistas, ele sempre é atencioso e sempre estamos debatendo, no sua humilde casa.
Neste sábado, fui, com a companhia da minha amiga Lylian Nascimento, e quando cheguei estava descansando em sua rede. Ao pedir desculpas ele falou: "A gente só descansa uma vez na vida. E é pra sempre. A luta sempre continua"
Daí já percebe-se que temos em nossa frente, um lutador.

Abraços.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Ditadura Militar e eu

Boa Tarde!

Através desse blog começarei a relatar minhas experiências e atividades relacionadas ao meu Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, da Faculdade do Vale do Ipojuca.
Já sabia que queria fazer algum trabalho com esse tema, mas não imaginava até o ano de 2009 como iria abordá-lo, qual foco dar. Pensei na liberdade de imprensa, na ditadura de forma geral, na biografia de algum personagem, até que encontrei o meu foco: A DITADURA MILITAR EM CARUARU.
Sempre fui fascinada por esse tema. Nas aulas de História, seja com Professor Daniel, Veridiano ou o saudoso Edilson de Góis (in memorian) eu sempre ficava com os olhos brilhando ao assistir aulas sobre a Ditadura Militar Brasileira, ou a 2ª Guerra Mundial. Acho que, em outras vidas participei ativamente desses movimentos. (vai saber..kkkkkk)
Ao entrar no curso de jornalismo e ter cada vez mais acesso a estudos, livros e artigos sobre o tema, consegui gostar mais e mais de estudar a história da Ditadura Militar no Brasil. Histórias de censuras, de lutas, de ideologias, de guerras, com armas ou psicológicas, me despertavam o interesse e a vontade de querer saber mais e mais.
Com o TCC posso enfim realizar o que é um sonho pra mim. Através do meu livro ( ainda sem título, espero contar com a ajuda de vocês), vou contar a histórias de pessoas que vivenciaram aquela época, que sentiram na pele, literalmente, os efeitos do Golpe Militar de 1964.
A cada post vou revelar um passo dado, e um pouco dessa história.

E, vamos lá!

Abraço.